sábado, 18 de fevereiro de 2012

Talvez pela inexistência dos teu traços na minha memória
Ou pelo facto da tua afável voz já não acompanhar o meu inconsciente
Por algum motivo foi reaberto o baú onde ficaram os nossos momentos
A inspiração que tardou, regressa por fim, e a escrita renasce

Na minha mente estava a desaparecer a aprazível tela que te representa
Como se as linhas outrora carregadas precisassem de se alimentar
A vaga ocupada pela mágoa é agora preenchida pela dúvida e pelo cuidado
Mesmo assim, arrisco na coragem e tento restaurar o que ainda nos resta

Pequenos ápices de felicidade surgem por arrasto da melancólica nostalgia
Soltam-se os inquietos sentimentos que se alojavam na já esquecida recordação
Numa mistura de tantas palavra como risos, choros e desabafos
O fim trágico é heroicamente vencido pela ternura que te guardo

Curiosa a forma com que o teu som compôs música na minha alma
Apagando do pesaroso passado as tristes notas que saíram desafinadas
De um modo natural desenvolvo as teorias que com carinho me ensinaste
Guardo a abafada vontade de desistir e apresento a minha capacidade de lutar

No contraste entre o que sinto e o que gostava de sentir
É sufocante como o coração ganha mesmo contra a razão
Como qualquer artista prefiro sofrer, a viver sem a tua existência
O sonho acorda, a esperança treme, mas a vida continua...

  
                                    
                            Juliana Silva Casimiro

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