sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ainda vivia na fase de “bater com a cabeça nas paredes”, ou na adolescência, ou como lhe prefiram chamar, quando tive o prazer de “conhecer” o (GRANDE) Fernando Pessoa.  
Confesso que venero Bernardo Soares (semi/sub heterónimo de Fernando Pessoa) com a obra “Desassossego”.
Add caption

Adorei, adoro e adorarei perpetuamente essa personagem ou esse estado de espírito que Fernando Pessoa criou e com quem nos presenteou.
É a forma de escrever, de ler e sentir mais fascinante de sempre e para todo o sempre.

Eis o meu excerto favorito:

"(...) O prémio natural do meu afastamento da vida foi a incapacidade, que criei nos outros, de sentirem comigo. Em torno de mim há uma auréola de frieza, um halo de gelo que repele os outros.
Ainda não consegui não sofrer com a minha solidão.
Tão difícil é obter aquela distinção de espírito que permita ao isolamento ser um repouso sem angústia.
Nunca dei crédito à amizade que me mostraram, como o não teria dado ao amor, se mo houvessem mostrado, o que, aliás, seria impossível.
Embora nunca tivesse ilusões a respeito daqueles que se diziam meus amigos, consegui sempre desiludir-me com eles - tão complexo e subtil é o meu destino de sofrer.
Nunca duvidei que todos me traíssem; e pasmei sempre quando me traíram. Quando chegava o que eu esperava, era sempre inesperado para mim.(...)" 


Bernardo Soares (Fernando Pessoa) 

2 comentários:

  1. O excerto é muito bom, tal como todos os seus heterónimos! Uma mente brilhante de um poeta capaz de descrever os pensamentos como ninguem. Acho que o facto de tanta gente gostar dele provem da compatibilidade que sentimos com a descrição dos seus pensamentos, e também de nos revermos nas mesmas frustrações. :)
    Ass: Sara Félix

    ResponderEliminar
  2. Concordo plenamente contigo! E ainda bem que existiu e que temos acesso a essa mente brilhante.
    Obrigada por leres e comentares. Um grande beijinho e saudades :)*

    ResponderEliminar